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domingo, 25 de novembro de 2018
Amargura da sanidade
Às vezes eu sinto que vivo os melhores momentos...
Os beijos mais lentos, os perfumes mais convidativos, os abraços mais confortáveis, os toques mais inesquecíveis...
Por outras, sinto-me como a colecionar decepções... Sonhos que viram frustrações...
Tudo se esvai, tudo se vai, se desvanece, some feito fumaça, sem deixar rastros, a não ser no meu coração... Se vai como areia entre os dedos, como suor que escorre pela pele, como vento que sopra no rosto e faz voar os cabelos...
Momentos que restam na memória e não têm mais lugar aqui, no presente como o conhecemos. Eles vivem em algum lugar, como nos sonhos, nos pensamentos, nas lembranças. Assim vão se desmaterializando e tornando-se cada vez mais virtuais, distantes dessas realidade e, portanto, de certa forma inacessíveis.
Quero alcançá-los, mas não consigo. Preciso adormecer a mente para vivenciá-los novamente.
O coração pulsa no peito, as lágrimas escorrem, as veias pulsam, mas isso é tudo que resta de real - as lembranças das sensações.
Aí vem o vazio, o peso da solidão. Nada mais é como antes. Você quer adormecer, anestesiar, para diminuir a dor. O único antídoto é viver essas sensações de novo, mas elas não voltam. Quando voltam, e eu as experimento outra vez, é uma questão de tempo para que elas se esvaneçam também. É como um ciclo incessante. Momentos, finitude, lembranças, vazio...
A loucura quer assumir o seu lugar, mas não dou espaço para ela, somente finjo aceitá-la. Talvez com ela fosse mais fácil conviver com toda essa efemeridade dos momentos. Mas, ainda assim, escolho a amargura da sanidade.
Débora Sader
25/11/2018
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