Sociedade destemida, afrontada e sofrida
Somos nós os brasileiros
Em qualquer lugar lá fora
somos vistos baderneiros
Somos apenas mais um país
ainda em desenvolvimento
a espera de um empréstimo
para trazer um crescimento
Mas o que cresce é o juros
a dependência e a humilhação
A esperteza de quem manda
E o descaso da nação
Nação que está cansada
De acreditar em promessas
em falsos políticos
Que ensaiam suas rezas
Rezam discursos decorados
De quem luta por um espaço
No Planalto das vergonhas
Será só mais um palhaço
Nossa política é corrompida
Por aqueles que se esquecem
de ser representantes sociais
Para ser o que querem
Todos entram com a mesma ideia
Querendo se dar bem
Para deixar de ser mais um
brasileiro refém
Refém da malandragem
Do poder paralelo
que domina e amendronta
Sem nenhuma vergonha
Refém da violência, do tráfico, da fome
De quem sofre com o medo
De ser mais uma vítima
Do descontrole urbano
Aqui ninguém está seguro
Nem mesmo a polícia
Não se tem segurança
E só cresce a matança
Nasce um, morre dez
Quem se importa? É bandido!
Só quem chora é a mãe
De deixar ele ter nascido
Nascido na favela,
Porque não tinha onde morar
Escondido entre vielas
Nunca soube o que é brincar
Brincar de pique-e-esconde
Ou então de corrida
Para aprender a se esconder
De uma bala perdida
Vivo num País rico
De belezas naturais
Das mais belas paisagens
Que aos turistas atrai
Vêm aqui só para gastar
Para ver de perto o sofrimento
O quanto eles têm de sobra
E aqui o povo implora
Mas nem por isso desistimos
O nosso orgulho é ir à luta
Se está ruim a gente inventa
E tenta outra vez
Não tem colégio, nem hospital,
segurança nem pensar,
transporte é ir a pé,
E a gente segue na fé
De que um dia isso muda
Que a justiça chegará
Para os pobres brasileiros
Que aos olhos dos entrangeiros
Só sabem sambar
E ainda tem o futebol
Nosso orgulho nacional
Um motivo para vibrar
Além do carnaval
Abadá é para os ricos
Pobre vai é pra pipoca
Ou então pra arquibancada
Se tu for carioca
Escondido atrás da máscara
Na euforia de uns dias
Que ajudam a aliviar
Verdadeiras agonias
Agonia de viver
Num país tão desigual
Que festeja o que não tem
Como se fosse natural
Unidos na torcida
Precisamos venerar
Se não tem um presidente
A um time vamos nos juntar
Por um time de futebol
Por uma escola de samba
O povo vibra e canta
Mesmo sofrido, ainda ama
Para que se preocupar
Com o futuro do Brasil
O que importa é a mão-de-obra
O que é caro a gente importa
Nossa fauna e flora é rica
Mas onde vai parar
A comida que nos falta
E temos medo de acabar
Não acaba, é desviada
Assim como tudo de valor
O dinheiro do Senado
Se alguém viu, também roubou
Débora Sader
16 / 04 / 2009