O sopro da vida vira cinzas
Sopro ensurdecedor
Vendaval devastador
Mistério de horror
Sofrimento, dissabor
Escuridão que cega
Rio que seca
A alma, disseca
O coração, dilareca
Do pranto ao lamento
Do grito ao silêncio
Ecoa tormento
Insanidade dos mortais
Dor que sufoca
Te joga do abismo
Te leva à derrota
Te tira da rota
Desorienta os sensatos
Faz cessar os desacatos
Desafina as melodias
Tornam sem fim, os dias
Abre fendas no chão
E cicatrizes na emoção
Emoção que se esvazia
Transforma em deserto, a alegria
Vem de preto
Essa é a sua cor
Aos que sentem amor,
Traz dor, vazio e ausência
A existência se esvai
Não se tem mais calor
Tudo se torna gélido
Sem sentido e sem cor
Assim como os corações
Daqueles que aqui ficam
Se fortalecendo em orações
À espera do fim
À espera da vida eterna
Para viver um reencontro
Em outra dimensão e realidade
Que podem trazer a imortalidade
Enquanto isso,
Para os que aqui ficam
O espetáculo da vida
se assemelha a um sopro
A um vento que passa ligeiro
A um trem que percorre estradas
Sem paradas no meio do caminho
A parada final é a morte
Quando ela chega,
O sopro da vida vira cinzas.
02/10/2017
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